quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

BRAVO 2009! Festejemos o NOVO ANO


Especialmente para a ÔNZIMA, mandei repetir a dose do bolo da comemoração do livro "Também eu estive lá..." afim de ser distribuída uma pequena fatia a cada um dos camaradas.

E se puderem, dêem uns passinhos de dança e apreciem as doze passas festivas na Passagem do Ano.

Um abraço amigo e boas entradas,

Lino Rei

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Máscara veneziana e a filosofia da vida.


O ano velho está de despedida. O novo 2009 está já aí.

Por certo que durante o ainda actual nos "mascaramos" para disfarçar as dores físicas e psíquicas que nos atormentaram.

Às vezes, a vida é bem dura para que a enfrentemos de frente e, subrepticiamente, vamos buscar alento às profundezas do nosso ser para suportarmos as agruras da existência.

Fossem a morte de um familiar, o infortúnio que nos bateu à porta, a desilusão de um casamento anunciado mas adiado sine die, o então dado como adquirido mas à última da hora é agora ilusório, enfim, partidas da contingência deste nosso peregrinar pela vida.

Mas é tempo de pensar positivo e encararmos o novo ano com a "couraça" do sofrimento ora adquirido. Desta forma, o infortúnio parecer-nos-á menor e as defesas para o enfrentarmos serão muito maiores para darmos a volta por cima.

Um Bom Ano para todos os meus camaradas e seus familiares.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Bom Natal e Feliz Ano Novo.


Ora veja-se lá como o tempo passa! Ainda há uns anitos - e já lá vão uns 37, recordam-se?- celebrávamos no Songo um dos dois natais possíveis, longe da família e dos amigos. Mas como diz a canção, " Natal é sempre quando a gente quiser".

Hoje, menos jovens, e quiçá já com uns netitos à perna, por certo que vamos vê-los de olhitos arregalados e à espera de abrirem as prendas destes avós todos babados...

E para que o espírito de Natal também permaneça entre nós, segue um texto-mensagem dos meus tempos de criança:


As chancas de Natal

Acabado de abastecer no hiper ao pé da porta, o pagamento automático foi efectuado com cartão Multibanco, a aproveitar o excedente do subsídio de Natal.
Embora a esposa controlasse, pelo papelucho, a mercadoria a precisar, os filhos sempre atiravam para o carrinho de compras mais uma e outra bugiganga. O marketing testado para sharings de clientes, fazia posicionar certos produtos em lugares estratégicos, nas diferentes prateleiras, que direccionavam os olhares para bónus convidativos. Na saída, a “dolorosa” era ainda inflacionada com a aquisição de mais uns extras, nas bancas de revistas cor de rosa, pilhas para rádios, chicletes e outras resmas de miudezas de ocasião, perfilando-se como pequenos demónios na última tentação ao Cristo-cliente.
Já em casa e aquando da conferência dos produtos-preço, atira um dos garotos:
- Pai, esqueceste-te da minha consola de jogos que me prometeste -choramingou.
- Mãe, os Tampax não eram estes – atacou a Guida, meio decepcionada.
- Pai, prometeste-me a bicicleta para os meus anos – relembrou ainda a do meio.
- Vamos ver se passas de ano!
Tentando desviar a conversa e fazer esquecer à filha mais cumprimento de promessas, não fora já as que estavam em lista de espera com S. Judas Tadeu e Sta. Bárbara, foi tempo de saborear o frango assado e as estaladiças do hiper.
- Ó mulher, estás-me a ver os nossos filhos, até parece que estamos a nadar em dinheiro. Estes putos sabem lá o que é a vida, já compram tudo feito.
(…)
Alex sentiu-se recuar no tempo.
Naquele Natal, o tempo invernoso fazia com que a campanha do ti Miguel ficasse mais uma vez em terra pois o mar bravio, e o saco do torreão do Salva Vidas, prenunciava borrasca.
O miúdo adivinhava, pela tristeza da mãe, que não haveria bacalhau nem as batatas, para a próxima Consoada. Dinheiro era coisa rara e o livro do fiado ia-se avolumando na mercearia do lado, em contas de provas dos nove mais que provadas e que faziam inveja a um qualquer Tribunal de Contas. Todavia, a esperança de dias melhores sempre acontecia e a ceia de Natal compusera-se. Não fora, em última instância, uma esgueirada na carreira do Linhares, ali à vizinha Póvoa, à casa do “Prego”, pelo empenhar do cordãozinho familiar, resgatado mais tarde, quando o S. Pedro atulhasse a catraia do mestre com a última réplica do milagre dos peixes.
Nessa noite, o garoto estava à espera de um presentinho muito especial do Menino Jesus. Colocara, por isso, as suas chanquitas pretas de tacholas a brilhar, junto à chaminé, infantilmente convencido que o carteiro do Pai Natal o recompensasse das suas boas acções de escoteiro, durante o ano anterior, e mais agora que a professora até lhe dera um Muito Bom com um ditado de se lhe tirar o chapéu (zero erros!). Foi magicando como é que o gorducho do Pai Natal podia descer por aquela chaminé tão estreita e fuligenta e, enquanto tentava alargá-la na sua fértil imaginação, nem se dera conta que já sonhava com os anjinhos.
Manhã bem cedo, correu para os presentes mas as chancas ainda lá estavam e parecendo-lhe vazias. Prendas, nem vê-las! Introduziu as mãozitas dentro delas e sempre apalpou qualquer coisa: umas nozes, uns pinhões e uns figos! Nem sabia se havia de estar triste ou contente. Ele que até esperava aquele carrinho dos bombeiros com rodinhas de madeira que viu no S. Bartolomeu, ou, pelo menos, aquelas patinhas de abrir as asas, da festa do Senhor Bom Jesus de Fão. Agora só aquilo? Será que fizera alguma asneira? Talvez!...
Choramingando, correu para quarto dos pais e aconchegou-se à mãe, meio em silêncio, meio interrogativo. Esta afagando-o, murmurou-lhe que “ talvez o Pai Natal não tivesse tido tempo para descarregar o resto das prendas, pois ainda tinha de ir a outros meninos”. Olhou para a mãe e percebera-lhe duas lágrimas a escorrer-lhe rosto abaixo…
Nesse dia de Natal, o menino tinha perdido a inocência.

Lino Rei



quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

" Ao princípio criou Deus o céu e a terra ... (da Madeira)"- Génesis


Ora, aproveitando a dica do blogue da "concorrência", também nós, no princípio, e acabadinhos de tirar a nossa especialidade em Mafra, fomos dar instrução no BI 19, no Funchal, agora Regimento e quase abandonado - como ainda há bem pouco tempo nos foi dado verificar, dada a meia dúzia de militares que apenas lá vimos, em contraste com os de magote da altura.

Lá, teríamos imensas estórias que relatar, algumas delas já descritas no "Também ...".

A instrução dos golpes de mão e emboscadas era feita na encosta do quartel e havia que não nos distrairmos muito pois aquilo era acentuado à brava e só parava mesmo no Atlântico!

Ao princípio, o que mais nos admirou foi o fardamento da tropa recruta que mais nos fazia lembrar o da I Guerra Mundial, a fioco acizentada e ainda de bibaque!

Numa de Ordem Unida, fica o flash de um dos pelotões iniciais que me tocou e onde, na altura, faziam parte o Pegado que, já em Angola, "virou a casaca" e ficou adjunto do nosso Primeiro Azevedo ( de saudosa memória).

E se havia gente afinadinha, diga-se lá que não era verdade!?

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Convívio


Naquela altura, os "feriados" da nossa guerra eram aproveitados para, aqui e ali, irmos convivendo, fosse no desporto, na copofonia ou a fazer "voar" os parcos angolares.

Neste negativo, alguns dos comparsas vão esquecendo a solidão da distância.

BOM NATAL.

Convívios

domingo, 30 de novembro de 2008

Só bananas ...


Alguns de nós éramos ao mesmo tempo "guerrilheiros" e ... bananeiros...

Quando a larica apertava lá para os lados de Quivuenga-city, havia que improvisar outros suplementos vitamínicos C que sempre ajudavam a minorar aquela pois as ementas vindas do Songo vinham contadas por cabeça, a geito de ração de combate individual.

Entre ofertas dos fazendeiros lá do sítio e outros "golpes de mão" ainda sobrava tempo às refeições (?) para a "engorda", fosse ela a banana simples ou a banana hiper que podia ser assada e uns abacaxis ou ananases, à mistura com umas mangas, papaias, peras abacate e outros frutos tropicais.

No dia seguinte, lá estavamos prontos para mais uns "golpes de mão"... não fosse o IN ter chegado primeiro e então não havia nada para ninguém!

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Militares no "cinema"...


Ora cá está como é que a malta também podia ser candidata a actor.

Em plena mata da Mucaba, ainda havia boa disposição para brincar aos cowboys mexicanos, a quem nem sequer faltavam os apetrechos próprios a um qualquer assalto, como era o caso da G3 que, coitada, também ela andava a precisar de descanso, não porque já tivesse disparado muito projéctil e quiçá até já estivesse encravada, mas porque a invisibilidade do In era assás notória por aquelas bandas.

Por outro lado, se o artista se queria armar em texano, tinha tudo a condizer, com óculos, barba e botas de mato que lhe assentavam que nem uma luva!

Quanto ao artista... pois bem, foi-se ficando por outras fitas ...

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Ah fadista...


Como "tristezas não paga(va)m dívidas", havia sempre um "alfacinha" que alinhava no fado corrido do Bairro Alto como era o caso presente do nosso cabo-cripto, que disputava o ceptro com um outro lisboeta de gema, o furriel Lopes. No outro lado, havia os coimbrões da Mealhada como o alferes Coelho que vertia lágrimas sempre que afinava a "Samaritana".

Entre estes, entrepunham-se os nossos saudosos cabos Emanuel e Isac que "não deixando os méritos por mãos alheias" também afinavam ao bom estilo do Max no "Casei co' uma velha, da Ponta do Sol(i)" entre outras canções madeirenses fazendo com que a nossa guerra mais parecesse um "Deixai passar esta linda brincadeira...".

E que dizer do também saudoso furriel Cunha trauteando o Zeca Afonso nas "Trovas do tempo que passa"?

Enfim... foi um pedaço de vida que todos lá deixamos e que agora com alguma nostalgia o recordamos.

domingo, 16 de novembro de 2008

Da Índia para Angola


Hoje é tempo de (re)lembrar alguns camaradas que fizeram também a nossa guerra.

Entre estes, conta-se o meu amigo alferes Barreto que também "caiu de paraquedas" na Ônzima, a pretexto, dizia-se, de um "louvor" que o fez "empurrar" até à Companhia. Verdade ou não, nunca algum de nós teve queixas do nosso indiano, pouco importando das razões dos altos comandos e das circunstâncias.

Pessoa algo reservada mas conversadora com quem fazia amizades, foi um camarada que, à sua maneira bem oriental, também nos ajudou a diluir as mágoas da nossa comissão de serviço.

Na foto, o Óscar e cá o nosso rapaz, gozando da última anedota indiana: se as vacas também "batiam pala" à polícia ou se pagariam multa quando deambulavam pela via pública passando algum semáforo vermelho ? ( Na Índia, a vaca é um animal sagrado)

R/"olha que não, olha que não", a polícia parava o trânsito e era ainda obrigada a aparar os "cogumelos" dos seus "canos de escape"!!!

- E esta, eh???

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Suite-real em Quivuenga-city...



Como se passaria um Domingo/72 neste "resort" e de que adereços poderíamos usufruir?

Então, repare-se:

HK 21 com "pente" balístico; candeeiro a petróleo made in Angola; rádio- transmissões que emitia um zumbido logo que "sentia" o IN; boina-comando 3411; espelho (des)cristalizado para emitir linguagem solar tipo Morse; cabide-Valentino para fatos domingueiros; beliche c/colchão automático que embalava o turista para sonhos "cor-de-rosa"; mesa c/relógio nuclear e rádio a pilhas electrónico; camuflado em descanso; dicionário com o nome da lista dos turras da região; rolos de dilagramas que serviam de binóculos; saco-viagem preparado para todo-o-terreno; ténis desportivos Chanel; papel higiénico; livos de Psicológica e contra informação; pó de talco para certas "ardências"; cigarros MG; after-shave anti-mosquito; planta-da-Índia própria para fazer adormecer ... and so on!!!

E no meio ... um coitado de um alferes a tentar sintonizar o Benfica/Sporting no Puto!

A propósito, o Benfica goleou os leões por 5-1!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Surfing in my blog...


Hello, my friends anywear on world,

My satisfation to surfing in my blog "ÔNZIMA3411".

That is about Colonial War in Angola/70 year´s and related memorances of portuguese militarys.

Congratulations for Stuttgar, Michigan, United Kingdom, S. Paulo, Indiana, Hong Kong, Worcenter, Utah, Tallin, California, Geldrop ... and so on.

It´s a pleasure.


The produtor,

"Koenigking"

Braga/Portugal

Aos trios é mais barato...


Pela nossa guerra foram passando alguns cromos, uns mais coloridos do que outros.

Pois o o Zé Manel lá os tinha que ir aturando, fosse na cantina fosse no bar ou noutras "queijisses" de ocasião pois os galões dos ombros dos ditos cujos ainda faziam "força de lei"... e se fora pr'a comer tanto melhor!

Na foto, o alferes-engenheiro que comandou a sua equipa para pôr de pé o novo aqurtelamento. E, fardado a rigor, o nosso protagonista "alferes-faz-tudo" de seu nome Tavares, que mereceu até um episódio no "Também eu estive lá...".

E no meio dos comes lá estava também este vosso criado.

Para recordar.

domingo, 2 de novembro de 2008

Dos Santos ao Dia dos finados - Recordando camaradas


Pois é malta! Hoje é dia de alegria e de tristeza.

São momentos de recordarmos os que ainda em vida nos ajudaram a ir suportando as agruras da mesma e que a inexplicabilidade da morte nos faça compreender quão efémera é a passagem por este "campo de treinos".

Também alguns destes jogaram futebol connosco - casos do capitão, do sub-chefe de posto da Quivuenga - mas também do Cunha, do Basso, do Emanuel, do Isac, do nosso primeiro Azevedo, do Júnior ... e quantos mais ainda?

Que o "Grande SELECCIONADOR" lá do ALTO lhes arranje um lugar bem próximo da equipa ideal e que estes nos guardem um "lugar cativo" nem que seja como "suplentes".

Por que hoje é o Dia deles.

Amanhã será também o nosso!

Paz às suas almas.

sábado, 1 de novembro de 2008

Recordando...


O pavilhão polivalente do Songo era um local priviligiado para alguns dos encontros festivos e que unia a malta civil e a militar.

Aí se desenrolavam festas e eram sempre um pretexto para "dar ao pé" até que o sol raiasse, ao som do merengue e outras músicas africanas.

Por aí passaram o "Valentino" com os seus "modelos" - ver reportagens anteriores - e se efectuaram Festivais ca Canção e noitadas de fado, "regadas" com whisky à base de soda, algum champanhe de ocasião ou, para os mais modestos, um champarrião" a martelo" de fazer "abanar o capacete".

Para a posteridade, os "altos comandos" da Ônzima - só falta o Nunes que foi "dar o nó" por essa altura - com um toque feminino (a esposa do capitão) e que eram júris de uma dessas festanças.

P.S. Pedimos desculpa se também estavas lá... mas a TVI só registou "gente fina"...

quarta-feira, 29 de outubro de 2008


- Cést vous?

- Quem fala?

- Ici cést d' Ile-de France, Paris...

- Mais non ... qui est vous?

- ... Je suis Mr. Gonçalves ... (?)

- Je ne connais pas, pardon...

(trim...)

- Está lá?

- Desculpe, quem está desse lado?

- Aqui fala de S. Salvador da Baía, sou o (???)

De novo o TM

- Aqui fala de S. Paulo, Brasiú... sou o (???)

De novo o telefone

- Nos somos de Viseu, de Sintra, de Lisboa ...

- Ah! Afinal sempre tendes ditado uma espreitadela ao blogue...

- Bem, só que temos vergonha de intervir... mas vá lá, vê se continuas que estava a ser divertido!

- Vou tentar... Um abraço.


Obs. Estes têm sido alguns dos "olheiros" do "3411Ônzima" mas que podiam também "dar a cara", para animar o "paleio". Espero que critiquem e que o louvem naquilo que entenderem.


Lino Rei

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

"Veteranos da Ônzima" suspenso sine die


A actual crise bolsista mundial e num "efeito dominó" provocou nos "accionistas-mecenas" que "patrocinavam" a película em rodagem por Itália um stand by deveras arreliador e, como tal, foi a Administração do "CinecittaSongo" sensibilizada para um adiamento das "verbas" em questão.

Desta nota-informativa tomaram já conhecimento quer a Produção, quer o Realizador, quer ainda o Sindicato doa actores.

Não restou outra alternativa a todos e ao próprio realizador que não fosse abandonar o "local" onde "decorriam" as "filmagens", esperando-se por dias melhores.

Por sua vez, o autor do blogue também já vinha sentindo há algum tempo um certo alheamento de "colaboração/incentivação" por falta de "comentários" críticos a toda a estrutura montada e que à 103º cena se tornou por demais evidente.

Como tal, também se fará um compasso de espera para ver se valerá a pena continuar neste tipo de "filmagens", a não ser que seja de novo "provocado".

Um até breve,

O produtor/realizador/técnico de video/argumentista/bloguista...

Lino Rei

domingo, 5 de outubro de 2008

"Conta-me como foi"


Cena 3.

Take1- Passeando na galeria florentina.

Entretanto, e continuando a visita renascentista, os actores viam com olhos de ver cenas de guerra e de vingança protogonizada na arte pela ferocidade de determinados personagens da mitologia grega e romana, como no caso da decapitação acima.

E também eles fizeram a "ponte" dos motivos que na altura os levaram ao Ultramar pois corriam versões da barbárie dos turras que tinham assassinado a sangue frio uns tantos colonos, mulheres e crianças no Uíge.

O difícil seria passar agora para um filme contemporâneo o cenário ideal, muito ao jeito do "Jesus Christ SuperStar" cujos actores e próprios personagens se fundiam numa e mesma realidade.

Take 2 - Preparando o cena. Local: Coliseu romano.

O camaramen faz um zoom exterior do circo romano enquanto alguns dos actores vestem couraças de gladiadores - tridentes, adagas, rede ...- para uma luta corpo-a-corpo, simulando a justa NT vs IN.

(continua)

terça-feira, 30 de setembro de 2008

O "Rapto das Sabinas" - Praça de Florença


Os "Veteranos de guerra" (cont.)

Cena 2 - take 1

Então, após acordarem da dura realidade daquilo que os esperaria, os nossos actores desceriam o escadório do "Altar della Patria" e após entoarem a ária do "Angola é nossa...", preparar-se-iam para a cena seguinte.

Viajando mais para Norte, iriam imitar, em Florença, o "estilo guerreiro" de alguns exemplos vivos de estátuas renascentistas. Aliás, tinham-lhes prometido que aquilo era "canja"e a guerra até era outra pois o verdadeiro inimigo vinha camuflado de "resmas de gajas" que, no fundo, não passavam de espiãs a soldo do IN e que nos seus leitos lupanáricos extorquiam informações preciosas às NT!

Mas, ao bom estilo da ASAE, as NT também tinham a sua própria "contra informação" e sabiam "separar o trigo do joio", que é como quem diz, se até pareceriam apaixonados com tanta beleza feminina, acabavam por "aprisionar" as ditas cujas... (vá-se lá saber para que fins!)

No take, os nossos "guerreiros" observam a estratégia ... e se não resultasse, imitavam o modelo mais atrás, ao bom género da "justiça de Fafe"!

domingo, 28 de setembro de 2008

L'altare della Patria - ROMA


Olá cambada de "cinéfilos" à força...

Após uma arreliadora interrupção por motivos de logística, volto com as últimas "quentes e boas".

Do anterior, os nossos "actores" que iriam rodar no cinecitá romano sofreriam um atraso inusitado devido à greve da Alitalia e possível extinção da própria Companhia - só sendo possível a sua deslocação após o minimizar dos prejuizos pela compra desta rota aérea italiana por uns magnates lá do sítio, nos que se incluem o Berlusconi, o Mourinho e o Scolari (?)

Resolvido o diferendo, as nossas "estrelas cadentes" já tomaram o pulso a alguns locais onde "exibirão os seus dotes" de cantores/atiradores (aos pratos?).

Para abrir o apetite, eis a famosa "máquina de escrever", ou Praça Humberto I, monumento evocativo do nascimento da República italiana e cenário do início do filme.

A cena I do guião relata o sonho utópico dos atiradores da Ônzima mobilizados "voluntariamente" por Salazar para defenderem Angola como baluarte luso e então, oniricamente, desta magnífica Praça, todos os actores cantam a plenos pulmões: "Angola, é nossa..." X3, como que querendo "tapar o sol com uma peneira" .

Claro que a realidade foi outra, como o filme relatará.

domingo, 21 de setembro de 2008

Actores do filme "Veteranos da Ônzima"


Após um casting muito rigoroso a que se propuseram cerca de +/- 150 possíveis actores, a Administração da CinecitaSongo2008 acabou por delegar no realizador a difícil tarefa de seleccionar o elenco de actores para este filme.

Apoiado numa vasta equipa profissional, exigia-se que os proponentes auferissem de determinados requisitos. Estes incluíam:

1. Terem presença assídua nos vários Encontros Anuais promovidos pelo magnífica equipa sempre voluntariosa do Laranjeira e do Beja;

2. Terem ainda uma presença física jovial, mas natural (excluíam-se os de cabelo pintado, capachinho, barriga acentuada em demasia, fumadores crónicos, etc.);

3. Que ainda saibam manobrar a sua "espingarda" para a exigência de certas "manobras especiais";

4. Que possuam carta de condução e de preferência de "pesos pesados" - requisito essencial para os actores principais vs IN;

5. Dá-se preferência aos ainda solteiros ou já viúvos para não penalizar as consortes com "outras guerras".

6. Que tenham um mínimo (des)conhecimento de Inglês: saibam dizer: Yes ou no - o resto é tudo dobrado.

Após aquela selecção, eis os "felizes contemplados "que viajarão em "jacto privado" para o local das filmagens, logo que possível.

P.S. Apenas se aguarda autorização do Cinecitá italiano.

sábado, 20 de setembro de 2008

PARABÉNS: 100ª take do blog "onzima3411"!


Por cerca de um "milhão" de "oiros"( à boa moda dos feirantes ciganos) foi possível "contratar" uma Orquestra Veneziana e o solista ukraniano, Pobpluchenko que, assim, integrarão a banda sonora do já tão publicitado filme "Os Veteranos da Ônzima" - que Mamma mia, qual Mamma mia! Os Veteranos irão "rebentar" com os Óscares todos que alguma vez foram atribuídos!

O elenco de actores também foi rigorosamente "seleccionado" de entre os próprios intervenientes da 3411, e farão vivenciar as peripécias daquela C.C., 37 anos após.

Os agora actores-veteranos civis relatarão outras "guerras" das suas vidas actuais tendo como leitmotiv ( cenário/lembrança passada) peripécias da então vivenciada no Ultramar.

Mas para aguçar o apetite, ficámo-nos por aqui.

É tempo de apreciar a magnífica orquestra italiana e a voz do solista da banda sonora.

Vê, ao lado, no YouTube, em "Banda Musical Veneziana".

P.S. Também podes opinar se gostas ou não... se mudares de opinião, vais ser tu a pagar os "carcanhóis" ao "Zé Cabra"!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

"Um das Caldas" nas Ruínas de Pompeia! (?)


Se pensavam que "estava a reinar" aí está a prova"!

Numa cidade tão evoluída para a época (78 d.C.), para além do Lupanarium, também havia veneração aos deuses da fecundidade.

Fora de qualquer conotação pornográfica, o símbolo fálico, como origem da vida, aparecia na própria calçada romana, sendo objecto de respeito. O mesmo se diga da deusa da Fecundidade a quem as mulheres recorriam para as livrarem do estigma da esterilidade, quando casadas. Esta aparecia aos olhos da sociedade de então como que um estigma e o marido podia até repudiá-la!

Mesmo fecunda, que o primeiro filho fosse varão, pois as "ninas"nascituras não prolongavam o apelido do marido e como tal: "insista...insista"!

Ainda hoje, os napolitanos saúdam-se com a mão esquerda "nos ditos cujos" - o que nos pode parecer um gesto indecoroso - mas não é mais que desejar boa sorte a quem saúdam!

Ninguém me desejou "bons augúrios" pelos meus cinquenta e dez anos, no pp 15 Setembro? "Olha que estou chateado"!!!

P.S. O próximo take merece comemoração pois é o 100º!

Uma "águia" na basílica de S.Pedro - Vaticano


Depois do "leão", do "dragão", finalmente... a "águia"! (Espírito Santo)

Custou, mas sabíamos que o Espírito (do Benfica) "andava no ar" e fomos encontrá-lO no local mais sagrado da terra, no baldaquino central da basílica de S. Pedro, rodeado de zimbórios deslumbrantes como só o divino deve merecer ( por isso fica bem e Benfica) !

Uma águia real como simbologia do Espírito de Deus, não é próprio de "dragões" nem "leões"... é a divindade em forma de humanidade para que o próprio Espírito Santo não a cegasse com a sua luz celestial (Teologia).

Como o assunto é por demasiado sério e dá que pensar, ficamo-nos por aqui.

Assim, que os homens "dragões", "leões" e "águias" prestem a sua adoração ao seu próprio Criador.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Caricaturando épocas e estilos - S. Gimignano (Itália)


Pois que "nem só de futebol vive o homem", há coisas que devem ser levadas "numa boa". Rir-mo-nos um pouco faz desanuviar o lado menos positivo da vida. Doutra forma, ainda ficamos a ser "devedores" do Estado nos IRS e o IVA devidos, pois "deixamos de fumar" muito mais cedo, fazendo engrossar as páginas da Necrologia dos matutinos ... e o pior é que nem lá estamos para "gozar os 10 minutos de fama"!...

Vem a filosofia a propósito destas caricaturas expostas nesta cidade medieval e que caricaturam "por excesso de colesterol" a famosa Vénus de Milo, o busto de David, de Miguel Ângelo, e os estilos da música americana, do Blue ao Jazz, e outras "figuras menores". O "verdadeiro artista" por certo que seria um boémio inveterado que esculpiu as ditas réplicas em jeito de "dieta forçada", imitando os nossos "lautos manjares" empacotados nas rações de combate da altura.

Repare-se só naquelas "protuberâncias" femininas dignas de figurar no Guiness do Canal da Sic Radical da TV Cabo!

Depois não digam que não avisei!

Há muito "velhinho"da Ônzima que lhe vai imitando o "estilo" e já nem consegue sequer dobrar-se para apertar os sapatos; para além de outros "males menores": urticária, bicos de papagaio, celulite crónica, asmática progressiva, bronquite catarrónica pela fumaraça do cigarrito, mas sobretudo ... excesso de paludismo e com sintomas preocupantes de febres altíssimas, fazendo esquecer até de pagar as contas correntes da merecearia e as cotas do FCP! - o lumiar da extrema pobreza!!!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Armas pontifícias com dragão dourado - Museu do Vaticano


Calma aí ... calma aí... afinal também encontrei o "outro lado da moeda" (?)

'Inda estava a minha realeza a historiar/relatar os magnos feitos do "jogo" F.C. Porto vs Veneza para a "Taça dos Campeões das Cidades de Prestígio" e logo "me caíram em cima" o Calisto, o Óscar e o Laranjeira ( só "ferrugem", para que conste!) que "me quiseram pôr a ferros" após tão sábia e premeditada erudição de anti-clubismo para com "os do Norte" ... carago!

R/ "Olha que não, olha que não", como dizia o Cunhal. Então eu explico.

A caminho da famosíssima Capela Sistina, de Miguel Ângelo, e num dos vários museus do Vaticano, deparamos com as armas papais de um pontífice de que lhe desconhecemos o nome. Então é assim: lá aparecem as chaves de S. Pedro ( as chaves do sucesso do FCP, claro); a teara papal (do Pinto de Sousa...desculpem, do outro Pinto que nunca vira as Costa(s), o "papa" do dragão); as figuras simbológicas da Ponderação ( do apito dourado, que nunca mais acaba...) e da Fertilidade ( dos muitos golos marcados pelo FCP, a começar por S. Jardel).

Ao meio: o Grande Dragão (Made in China?) do FCP mandado dourar pelo seu próprio "papa", com os 20.000Euros de indemenização que o Estado lhe vai pagar por "detenção ilegal" quando visitava as instalações das "águias" e "leões" e ser "arranhado" por aquelas garras tão afiadas!...

S. Miguel vencendo o "dragão" - Veneza


Ora para que os "tripeiros" da Ônzima do F.C. do Porto não fiquem tristes, lá está o famoso "dragão" sendo vencido por um "Miguelito" qualquer - que até pode ser o Leixões ou o Rio Ave que também são "santos-anjos-da-guarda" de ao pé da casa ...

Os condenados da altura, após serem julgados pelo dodge e tribunal correspondente, passavam por uma espécie de ponte em arco e que ligava o palácio-tribunal ao edifício da prisão - a tão famosa "Ponte dos suspiros" - e, no seu curto trajecto, olhavam a cidade-marítima e "suspiravam" por apreciá-la uma última vez antes que fossem decapitados ou enforcados, conforme a sentença. O último suspiro era obrigá-los a passar sob as duas monumentais colunas e que dão as boas vindas aos turistas, na tão famosa Praça de S. Marcos: o obelisco encimado pelas armas da cidade (um leão alado e símbolo espiritual do evangelista de S.Marcos) e o obelisco com a estátua de S. Miguel e o dragão.

Mas que conste, já que o dragão foi "dominado", o vinho do Porto ainda está lá para durar... e foram os portugueses que deram o "último golpe de misericórdia" no comércio de Sua Sereníssima (Veneza) com a descoberta do caminho marítimo para a Índia e com o monopólio das especiarias cujos lucros passaram todos para Lisboa ("Benficas" e "Sporting's" e "Belenenses"...).

P.S. É só para chatear os do Norte...

domingo, 14 de setembro de 2008

Um leão com bola em Florença!


Andava a minha real pessoa a indagar de sítios porreiros para a rodagem dos "Veteranos de guerra" quando, por acaso, fui surpreendido com o valor do nosso futebol ex-muros.

Então não é que já não bastasse termos exportado "carne fresca" dos nossos craques para a estranja, fomos topar ainda na cidade do Humanismo e do Renascimento, no meio daqueles bustos todos, uma escultural homenagem ao nosso Sporting!?

Pois o tal de "Da Vinci" foi tão exímio nos pormenores que até pôs o o leãozinho com uma bola nas patas!...

- "E esta eh?"

P.S. isto é só para chatear os benfiquistas e tripeiros da Ônzima ... sim, que eu também sou dos "vromelhos". Mas "como é que hei-de" encontrar águias e dragões, eu cá sei.

Esperem pela próxima.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

E o "premiado" era ????


Como o mistério parece ainda adensar-se do resultado da investigação anterior, só mais tarde é que o chefe de equipa da "Ossos" nos deu autorização para que fosse divulgada a sua verdadeira identidade:

Ex-Soldado-lanceiro do MPLA, MuKumbolo Katanada, 23 anos, solteiro e adjunto de magarefe num dos talhos da então vila do Songo - o tal cujo talhante se queixou que os "turras lhe levaram mais uma cabra"!

P.S. Isto até pode parecer um filme - eu que o diga - mas episódios para o próximo é que não vão faltar!

Adivinham de quem era este esqueleto?


(Desculpem lá o atraso mas andei ocupado numa co- investigação)

A famosa detective "Ossos" (?) da série televisiva Bonnes (ossos) acaba de desvendar mais um caso misterioso, o do enigmático falecido-morto-defunto-enterrado e desenterrado esqueleto doado por um desconhecido africano a um dos museus de Itália!

Através do ADN e do carbono 13 foi possível detectar a causa da sua morte e, mais do que isso, o sítio, hora, dia e data do infausto acontecimento: percurso Quivuenga-Songo (região do Uíge),11 de Setembro de 1972, 14.37 horas!!!

Ora tal coincidência tudo leva a crer tratar-se da famosa emboscada às NT, naquele dia aziago e em cuja fuga "desapareceram em combate" alguns dos bravos do pelotão - cujo argumento sustenta o já famoso filme premiado com os dois "Leões" de Ouro do Festival de Veneza/2008.

Segundo a detective-forense, tal só foi possível devido a vestígios de restos de pólvora seca cristalizados no calcio do seu perónio e provenientes de uma bala de espingarda G3 que, no contra - golpe, um dos nossos terá ripostado.

Como a "vingança se serve fria", o nosso alto comando militar da altura mandou "empalhar" aquela "múmia paralítica" e, através do tal espião-africano, decidiu doá-la àquele museu ... mas sem nunca lhe desvendar o seu mistério!

- "E esta, eh"???

domingo, 7 de setembro de 2008

"David" no Paiazza Nuova de Florença


Esta cidade monumental italiana e berço do Renascimento e de Miguel Ângelo é um relicário da arte mundial.

O produtor do próximo filme dos "Veteranos da Ônzima" ficou simplesmente embasbacado com o manancial de cultura e deste "livro aberto" da história.

Então esta Praça magnífica é de encher o olho com o número tão vasto de esculturas que por lá proliferam. Aliás, a própria colina que rodeia a cidade monumental chama-nos logo a atenção com uma réplica do famoso "David" (do David e Golias da Bíblia) do autor da Capela Sistina, e que se desdobra em tantas outras réplicas e esculturas famosas por toda a cidade e nos seus vários museus.

Esta Praça será um dos cenários ideais escolhidos pelo produtor para a rodagem de algumas cenas dos "Veteranos..." pois a coragem de "David" perante o gigante Golias ficou a "milhas de distância" da valentia dos "Veteranos..." ao atacar os gigantes e variados menus dos vários encontros anuais...

P.S. Um busto monumental dos "Veteranos" será inaugurado nesta Praça, ao lado das relíquias do passado. Só falta saber quem lhe dará a cara!

Aceitam-se sugestões.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Veteranos da Ônzima no obelisco de Trajano - Roma


Roma imperial assinalava os seus feitos guerreiros com a implementação de obeliscos megalómanos. Alguns destes, de caracteres egípcios e com mais de 1.500 anos a.C. ,vieram do Cairo, via marítima, para a cidade-eterna, no século IV. Ainda hoje, Roma tem 13 obeliscos "plantados" nas praças da sua urbe!

Um dos mais emblemáticos é o do imperador Trajano - 98-117 d.C. e que conquistou a Dácia, Arábia,Arménia, Mesopotâmia, Assíria e os partos - e que relata, em alto relevo, peripécias ligadas a algumas das batalhas do seu império.

Com uma autorização muito especial da República Italiana - para a qual em muito contribuíu o "dedo" do nosso "special one" José Mourinho - e tendo em vista a rodagem de algumas cenas do próximo filme "Os veteranos da Ônzima", foi possível fazer uma "colagem" dos nossos veteranos da 3411 nesse obelisco. Fantástico que ficou.

Se fores do "Boavista" e fores perspicaz tenta perscrutar se eventualmente não farás parte desses "heróis"!(?).

Obs. Vê-se, claramente visto, um dos episódios narrados no "Também eu estive lá..." (pp.99 "Outros golpes de mão") onde o talhante vocifera que "...os turras lhe voltaram a limpar mais uma cabra"!

Mas há mais... puxa pela tua imaginação pois os episódios estão todos lá!!!


quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Dificuldades técnicas?

Obs. Para visualição via YouTube:
1. Clicar o "Youtube"(logotipo avermelhado) de "Barra de Video" e que se encontra por baixo de alguns takes já disponíveis ( a maioria sobre futebol da A.F.Braga);
2. Clicar no meu endereço de Youtube:koenig1705A5, que se encontre por cima da página;
3. Procurar no respectivo menu o take preferido (Cantabile), ou outros, e accioná-lo(s) para visioná-lo(s).

Um abraço,
Lino Rei

Cantor ukraniano - viela di Napoli


Nas vielas bem perigosas de Nápoles - preparando já a sua próxima película cinematográfica - o realizador de "Desaparecidos ..." deliciou-se com um verdadeiro achado: um tenor acompanhado do seu exótico instrumento musical.

Nápoles - onde o nosso glorioso Benfica irá medir forças na UEFA e imperou o baixinho Diego Maradona - é outras das cidades arquitectónicas de "encher o olho" e berço da Ópera Buffa italiana e terra do grande tenor Caruso - embora que por motivos políticos tivesse que ser expulso da sua própria cidade! "Mamma mia, ma quale!"

Tentando tomar o pulso à outra realidade meio escondida desta cidade - ruelas mescladas de lixo, miserabilidade gritante e roubos por esticão nas suas já famosas lambretas/vespas lamborguini - o elenco de actores pode embasbacar-se com este "miosótis no meio da lama".

Após uma audição prévia, logo e na hora ficou contratado para a Banda Sonora do novo filme "Os aposentados da Ônzima".

P.S. Aprecia no You Tube anexo.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Ossadas petrificadas de fugitivo(s) - Ruínas de Pompeia


Em Pompeia, enquanto alguns dos actores se entretinham em "decifrar" - e quiçá poder até imitar meis tarde...- algumas das várias posições do menu do Lupanarium, o realizador e produtor de "Desaparecidos em combate II" anotou, num outro sítio, mais um achado macabro daquela erupção.

Quando o Vesúvio "acordou" da sua já longa "hibernação" apanhou de surpreza - tipo ASAE- muitos dos fugitivos que, não tendo mais para onde fugir, se refugiaram onde podiam, uns no jardim e outros quiçá em lugares supostos de alguma proteção mas sem qualquer hipótese de poderem escapar.

Este "felizardo", para além de qualquer outra explicação científica, terá sido apanhado no lupanarium (?) e parece ter exagerado no menu a la trois - uma das variantes da lista - e tal como os outros não teve hipótese de fuga, mas ao menos terá morrido "feliz" ...após ter "esgotado todo o menu"!

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Posição "Kamasutra 1"(?) - Lupanarium de Pompeia


Obs. "Bolinha vermelha" ?????????????

(Só para "veteranos" de guerra e expressamente proibído a "maçaricos")

Alguns dos actores de "Desaparecidos em combate", nos intervalos das filmagens e a convite do "Calígula" lá do sítio, puderam visitar o Museu de Pompeia, cuja cidade, feita colónia romana com o nome de Cornelia Veneria Pompeiaanorum (80 a.C.), foi soterrada em cinzas pela erupção do Vesúvio, no ano 79 d.C.

Antes, foi uma cidade comercial importantíssima a vários níveis e com vários "hipermercados" onde se vendia de tudo... e mais "alguma coisa" como se vê claramente visto!...

Todavia, as "cambadas" de estrangeiros que chegavam à cidade para os variados comércios, eram de origem grega ou bárbara e, como tal, não entendiam nem sabiam falar o latim (língua dos romanos). As prostitutas da cidade ou lupanares (do latim, lupus loba/prostituta), para venderem as "suas mercadorias íntimas", tinham já as suas casas oficiais (o lupanarium) e como o "gesto é tudo", apresentavam o respectivo menu aos seus clientes que como tal escolhiam: posição tal ou tal ...

P.S. Isto é História "cambada", aprendam que eu (e o guia) não duramos sempre!

A continuar nos próximos episódios.


domingo, 31 de agosto de 2008

Coliseu de Roma ..."esburacado" ?


Pois é "cambada". Se pensam que foi fácil a rodagem do "Desaparecidos em combate II", tirem daí a cabecinha ...

Para além das filmagens no palco dos acontecimentos, os actores tiveram também de rodar em Roma, no seu famoso Coliseu!

Com uma autorização especial da Cinecitá e do governo italiano, os actores-atiradores afinaram a pontaria contra as vetustas relíquias do passado romano e como aquilo também está a cair aos bocados, quem vai aproveitar é a passarada lá do sítio que pode nidificar pois "apartamentos" é coisa que não vai faltar...

Alguns dos actores até "exageraram", mas fazia parte do guião - atirar "a matar", a ver se ainda encontravam as almas penadas do Calígula e sobretudo do Nero!...


P.S. Como "aquecimento", ainda fizeram um joguing matinal, no velódromo local, onde se rodou o famoso Ben Hur e experimentaram as specials quadriga's que faziam bem inveja aos nossos unimogues, pois aquilo atinge velocidades vertiginosas e o único "carburante" é uma "mistura" de palha e erva do Palatino!!!


sábado, 30 de agosto de 2008

"Desaparecidos em combate" premiado no Festival de Veneza!!!


Ora cá está como um bom(???) produtor e realizador (de ficção) também acaba por ter o reconhecimento internacional, e logo num dos mais prestigiados Festivais de Cinema, os já famosos "Globos dos Leões de Veneza"/2008!

Antecedendo a minha passagem pela "cidade eterna", aquando da ida ao Vaticano, fui convidado ( a despesas minhas, claro!) a estar presente naquela Gala para receber 3 dos famosos galardões cinematográficos da cidade dos doges que vieram premiar "Desaparecidos em combate II".

O júri premiou esta película pelo melhor argumento (claro, com todo aquele enredo e disfarçados de "veteranos de guerra" e no meio das tainadas!), melhor guarda-roupa (evidentemente, equipados com fatos-macaco verde-azeitona a imitar o Valentino! ) e os melhores actores ( todos com dupla personalidade e qual deles o mais borracho!)!!!

Queria partilhar com os meus ex-camaradas estes 3 "Globos" - talvez até que os "dependure" no teto, para iluminar melhor a sala de jantar- por todo o apoio que me foi disponibilizado tendo em conta que não foi fácil voltar ao palco dos acontecimentos, 37 anos depois, para "rodar" esta película.

Obrigado a todos.


P.S. "Também eu estive lá...", nestas férias, para inveja da "cambada".

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Ir a Roma ...e não ver o papa!


Olá "cambada"!?

"Estou chegando, estou chegando", como diz o nosso patrício brasuca.

Antes de mais, que tivessem tido umas boas férias e descansado um pouco pois as "guerras" que se avizinham são bem diferentes da que tivemos.

Dizia na penúltima reportagem que iria falar com o papa "por causa da nossa situação" (?) mas afinal, quando cheguei ao Vaticano, Sua Santidade também tinha ido de abalada para as suas merecidas "vacances", pelo que só tive oportunidade de falar com o próprio"chefe", o S.Pedro!

Expus-lhe, pormenorizadamente, o nosso caso e prometeu-nos dar uma "fossinha", através do seu "cônsul" representante em Portugal, Doctere Paulo Portas, para que "chateie a pinha" ao governo a promulgar as nossas reformas vitalícias, pois que andam às pinguinhas... e nós que o digamos!

Em contra partida, nós, os ex-combatentes, votaremos todos nos gajos! Promessa de Rei - que sou eu, como representante da "cambada".

Prometo mais novas, já a seguir.

sábado, 2 de agosto de 2008

"Desaparecidos em(do) combate" galardoado com 2 Óscares da Academia de Cinema de Hollywood!



Última hora.


"Desaparecidos em(do) combate galardoado com 2 Óscares da Academia de Hollywood.

Do produtor e realizador grego Reikaridis e baseado no livro do mesmo autor Também eu estive lá …, este filme arrecadou 2 Óscares da Academia de Cinema, para a melhor Realização e melhor Argumento.
Rodado inteiramente em terras africanas do Norte de Angola, região do café, a película, em cinemascope, retrata as aventuras de uma pequena coluna militar de abastecimento logístico entre as cidades turísticas de Quivuenga-resort e Songo-city, nos anos 71/73.
O argumento enaltece o espírito de grupo dos seus protagonistas que faziam aquele percurso entre as duas “estâncias turísticas” percorrendo os 43,700 Km de distância, para cada lado, em 01.43 horas !..., em “via rápida” e atravessando longas “pontes” e “viadutos”, no meio de uma floresta virgem luxuriante mas ao mesmo tempo muito perigosa devido à situação declarada de guerra.
A película mantém uma grande interrogação quanto ao seu desfecho pois finalizado já o seu “contrato de trabalho”de dois anos com a “empresa” do ME que a contratara, a coluna sofreria uma emboscada-carjaecking do In, precedida do rebentamento de uma mina “anti pessoal”, obrigando aqueles heróis a saltar das viaturas, não sendo mais vistos e considerados, como tal, de “desaparecidos” – sic o take da cena.
O mesmo realizador prepara já produção com a versão II daquele filme e promete desvendar o seu mistério pois, ao bom estilo de RadovanKaradzikiano, os verdadeiros protagonistas terão sido vistos em vários encontros de ex-camaradas, no Puto, mas “disfarçados” agora de reformados e com muitas brancas e “meloas” com pseudo doenças artrito-paludísticas provocadas pelo stress de guerra…".

In NY Times

02/08/2008

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Férias ...


Durante as próximas 4 semanas de Agosto, o administrador do blogue vai ausentar-se para um período curto de descanso. Como tal, também as "dicas" diárias vão sofrer da sua ausência.

Irá aproveitar para fazer umas reportagens no exterior- inclusivé, vai falar com o papa por causa da nossa situação!- e quando chegar à "Redacção" trará mais umas "quentes e boas" ...

Promete também algumas novidades como, muito possivelmente, publicar em livro ou foto-montagem alguns dos sketchs aqui publicados, se houver leitores par o efeito. Sobre o assunto aceita sugestões.

Aproveita para desejar a todos os seus camaradas umas óptimas férias.


Lino Rei

Crianças



RAÍZES

6. A escola


Debatiam-se, no Conselho de Turma, os prós e contras para transitar o “Bravo” – nome de guerra por que era conhecido na escola o Barbosa. O seu cardápio escolar, mais longo que o último episódio de novela TV, em participações de todo o género, primava pela falta de educação e expulsões várias. A perspectiva de avaliação final de ano apontava para as já esperadas oito negas, não fora a complacência de um ou outro professor que destoou do grupo, pela atribuição da positiva mínima.
A alcunha viera-lhe do apelido que ele teimava em escrever Bravosa pois a sua configuração física destoava do normal da turma de dez e onze anos e onde, como em camisa de sete varas, o obrigaram a ter de fazer parte. Protagonizaria, por tal motivo, cabeça de cartaz, em decisões de litígio de recreio, já para não falar dentro da sala de aula que constituía o teste supremo, para qualquer professor que, a ser ultrapassado, poderia candidatar-se à santidade dos altares, tal a paciência exigida para com o sobredotado.
Nos seus 16 anos bem maduros, as capacidades cognitivas do “Bravo” mostraram-se pouco acima do limiar zero do Q.I.. O Conselho continuava com o dilema, temendo que mais um chumbo conduziria este “iluminado” ao abandono escolar. Um colega sugeriu que o transitassem pois enquanto permanecesse na escola não faria razia lá fora; razões extra, de pais separados e alcoólicos e a proximidade ao tabaco e à droga, vieram à baila e a tripla retenção acabaria por corromper a próxima turma onde recaísse. O Conselho concordou com a sua passagem, ao abrigo do tal artigo, avolumando cada vez mais a santa ignorância deste país.
Mas o caso não se ficou por aí, pois, logo mais, em nova reunião de um outro Conselho de Turma, um encarregado de educação não se convenceu de todo com os argumentos deste órgão da escola, idealizando para o seu educando um projecto de engenheiro, pois teimava que o filho haveria de sair doutor! A Ordem deliberara que o pequeno “Eiffel” tinha ainda muito tempo para rever os cálculos dos alicerces para as futuras pontes, pois as actuais caíram por terra, tal a ferrugem por tanta ignorância acumulada. E o assunto ficou definitivamente encerrado.
Alex reviu os seus tempos de escola primária onde, sem tantas reuniões, as coisas funcionavam no sentido de, no mínimo, saber-se ler e escrever e quem nãe era competente ficava de molho até o poder fazer. To be or not to be, passar ou não passar de ano era um ponto de honra a defender pois a “raposa” era um estigma duro de suportar; o insucesso andava associado, não à falta de inteligência da criança mas à fuga da escolaridade, por ter de ajudar-se a família ao provento do dia a dia.
Recordou então os “Passarinhos”, os “Gatinhos” e os “Morrosóis” que coitados, mal se resguardavam daqueles frios invernosos, em farrapos e andrajos de ocasião que fingiam proteger corpos magricelas de geração de crianças grandes. Por isso, o pó das carteiras ia-se avolumando com as suas ausências, requisitados ao mar, em catraias de cascas de nozes que não era suposto arribarem ao cais cada manhã. Outras vezes, ainda ensonados da faina marítima, anestesiada a fome com o naco de pão bolorento e a tigela de caldo de couve e massa esbranquiçada, tentavam afinar à tabuada, enquanto endireitavam a caligrafia pelas linhas do caderno ou (des) convertiam metros a centímetros, sob a ameaça da palmatória do professor fazer os respectivos acertos nas suas já calejadas mãos.
Naquele tempo, a cana comprida do mestre sibilava-lhes ao redor das cabeças fazendo-os acordar para as regras de comportamento, para os cursos dos rios e linhas-férreas a decorar. Ai que se queixassem em casa pois ainda tinham dose a dobrar! A escola ensinara-lhe certos valores, como a amizade, a solidariedade e o respeito quase sacrossanto pelos pais e professores.
Vieram-lhe à memória aquelas Quartas Feiras em que a sala de aula virava tribunal e em que a “Santa Catarina” transformava as suas mãos em tachos de estrelar ovos e nem cabelo de cavalo com azeite ajudava a tornear a dor, enquanto grossas lágrimas escorriam pelos "crimes" cometidos: quatro erros no ditado, por confusão dos ésses dos botões cosidos com os zês das fanecas cozidas; dois problemas errados, na aritmética, por se ter roubado mais ao quilo do algodão que ao litro do vinho tinto. Se era na História, cometera-se o sacrilégio de alterar a cartilha, confundindo-se o rei Gordo, D. Afonso II, a plantar o pinhal de Leiria enquanto D. Dinis, O Lavrador, distribuía mais umas sacholadas valentes no costado dos mouros, ganhando para Portugal a quinquagésima batalha desde O Conquistador. A coisa ficava ainda mais feia na Geografia do reino, quando alguém desviava o Cávado do seu leito para o desaguar ali para os lados do Forte de Viana, com comentários críticos do professor quase a merecerem prisão no dito cujo. E que dizer então das linhas férreas onde a ignorância da petizada fazia até descarrilar comboios pelo desvio das agulhas ou, quando aquele mais sabido direccionava a Linha do Norte para um apeadeiro desterrado na fronteira de Espanha, pondo em perigo até a unidade nacional!?
No tribunal das Quartas Feiras, uns tantos sujeitavam-se à dose suplementar da palmatória, por riscos nas carteiras, salpicos de tinta permanente no soalho, estilhaços de vidros da sala com a bola de farrapos ou bexiga de boi de matadouro, confrontos físicos com colegas, surripianços de ardósias dos vizinhos de carteira, entre outros "crimes"!
Nessas ocasiões, a professora também lhe ensinara, no Canto Coral, o Hino Nacional, o Não vás ao mar Tonho, as Pombinhas da Catrina e tantas outras canções que eram disputadas em altura tímbrica com os mais velhos já conhecedores de todo o reportório coral, por repetências acumuladas. Ninguém estranharia sequer as mudanças de vozes de alguns “Pavarotis”, do garnizé ao galináceo mais apurado, camuflados atrás do coro, que de boca aberta fingiam-se aos barítonos e baixos. Havia ainda quem as fizesse pela calada, em incursões aos bolsos dos calções, disputando uma e outra perisca, apanhada no passeio e a ser fumada na retrete da escola, no intervalo seguinte. Se a dita cuja não chegava para todos, dividia-se irmãmente o prazer e assim enquanto os mais velhos fumavam os “charros”, os demais iam treinando com cigarros de barba de milho!

E foram e são estes agora os doutorados para a vida.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Fachion/72. Os 7 magníficos ...


Era um habitué no Palácio de Desportos de Songo-city fazer-se, anualmente, um desfile internacional com os maiores estilistas e manequins mundiais, sendo convidados de honra as patentes civis e militares da zona.

Para a posteridade, aqui fica um recuerdo de alguns modelos dessa famosa colecção Primavera-Verão, ainda nos bastidores.

Como se verifica, a moda da altura era a calça justa pelo claro ou escuro com sapato de "crocodilo" preto em biqueira a condizer. As t/schirt eram mais para o descontraído dando-se a primazia às cores pastel, axadrezadas ou matizadas, estilo nipónico (manequim do whisky) ou de tecido mais esponjoso de alga marítima que trazia uma frescura ímpar (modelo de cócoras).

O júri acabaria por premiar ex-aequo estes 7 magníficos que representaram brilhantemente a Escola estilista-militarista da Ônzima. Seriam premiados com uma magnífica viagem ao Puto depois das "formalidades" legais.


terça-feira, 29 de julho de 2008

Festival internacional de Danças de salão...


"No deslumbrante salão de baile do Palácio de Songo-city decorreu o Xº Concurso Dançante que reuniu pares e grupos de dançarinos "internacionais" provindos de todas as partes do globo.

Após uma pré selecção dos concursantes, quer em pares quer em mini-grupos, os prémios e troféus a atribuir estavam à altura da perícia e profissionalismo dos seus finalistas.

Estes, para além de mostrarem os seus dotes exibicionais nos vários estilos de dança (Rumba,Valsa, Salsa,Chá chá chá,Tango, Slow, Bossa Nova, Samba...) tiveram um teste final- maratona onde, durante 8 horas seguidas, dançaram o Merengue ... sem sair do sítio!...

Na foto, o grupos finalista, composto por dois pares, exibindo-se com o famoso Bailinho da Madeira. Note-se na versatilidade e exuberância dos seus dançarinos que lhes valeu o Troféu Mereng's Dancing/72 e o prémio monetário de 2000 Palancas!".


In Jornal Palanca do Uíge.


P.S. O par masculino da foto foi convidado pela organização a "demorar-se" mais um ano para estar à frente de "um salão de baile" militar naquela cidade.


segunda-feira, 28 de julho de 2008

Cena do filme "Os 4 mosquiteiros"...


Este "filme" rodado inteiramente na Madeira, durante 6 meses consecutivos, foi premiado no Festival de Veneza com 3 Leões de ouro!

Os prémios atribuídos contemplaram o melhor guarda-roupa (fato-macaco,

kiko, cantil, botas de lona verde-azeitona e de cabedal e cama-beliche de ferro blindado), melhores acessórios (G3, metralhadora HK checa, cartucheiras, dilagramas e granadas ofensivas) e ainda o melhor quarteto de actores de origem ucraniana-LeitãoKov,Coelhev,Nunesvsky e ReiKiriaKov.

O filme retrata, fielmente, a instrução de mais de uma centena de "actores-recrutas"que se estavam a preparar para uma guerra fictícia, algures no Norte de Angola.

No sketh, um dos vice-comandantes ri a bandeiras despregadas enquanto os restantes mosquiteiros atentam, através do gravador instalado, nas escutas gravadas pela DGS (futura ASAE) e referentes ao posicionamento do IN "emboscado" algures numa numa das discotecas do Funchal.

A estratégia montada passaria por um "golpe de mão", às tantas da madrugada, ao local em causa.

Resultado da operação: apreensão de 20 garrafas de gás mostarda dissolvido em garrafas de whisky e "prisão domiciliária" no BI 19 de duas "agentes secretas" IN disfarçadas de bailarinas ...

Mais tarde e já no palco das operações o mosquiteiro Coelhev seria distinguido com um Louvor pelo C-C.F.A.A.

domingo, 27 de julho de 2008

Disputando a(s) dama(s)...


Numa dessas de far niente (lazer) havia tempo para outros "ataques" (?).

No hall das "instalações hoteleiras" de Quivuenga-city, o seu conjunto arquitectónico misturava-se em estilos diferentes onde o moderno dava também lugar ao antigo mas que se enquadrava magnificamente no look do seu todo.

Repare-se no candeeiro a petróleo e no petromax que se alternavam aos 25 watts da lâmpada suspensa quando estes deixavam de "dar à luz", a partir das 21 da noite; ou nos ricos sofás-poltronas revestidos a pele de pacaça e pau preto ...

Quanto às forças militares em presença, entretinham-se com baladas de adormecer (Rei à viola), a ler-se o último romance de Manuel Alegre (Leite) ou a disputar a "dama" no tabuleiro (Lopes e Carvalho). O outro "praça" deste "combate" estaria a contar as notas-palancas que lhe sobrariam para enviar os tais dois terços para o Puto...

E assim decorria esta nossa "Guerra e Paz"...

sábado, 26 de julho de 2008

Aniversário da ÔNZIMA


"A C.C. 3411 ÔNZMA, comemorou o seu 2º aniversário de destacamento, em terras do Songo, distrito do Uíge.

Após as cerimónias oficiais de boas vindas às entidades civis e para-militares da vila, nas instalações militares do aquartelamento, em que estiveram também presentes o comandante e vice-comandante do Batalhão de Carmona e respectivos familiares, assistiu-se, da parte da manhã, a uma missa campal, na presença de todos os militares, recordando-se com saudade o soldado Junior e o furriel Basso que ainda recentemente deram a sua vida pela Pátria.

A confraternização continuou ao almoço trocando-se cumprimentos efusivos entre todos e com desejos de um breve regresso ao Continente."


Jornal da caserna Frente-marche

Agosto/72

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Gaivotas do rio


Raízes

5. A inundação

No torreão do Salva-Vidas, o saco preto obedecia a uma sinalética para os pescadores. Se este se apresentava de pernas para o ar, significava que o vento soprava de sudoeste. Se aparecia uma bola preta, este soprava de Oeste. Na ocasião, era prenunciadora de mar alto e mau tempo, com a barra fechada à navegação.
Nesse dia invernoso de Fevereiro, a chuva fustigou por demais a orla marítima. Madrugada dentro, coriscos e trovões abanavam as ténues casitas da Ribeira. Durante toda aquela santa noite, Alex não conseguiu pregar olho e enrolou-se, cheio de medo, por entre os míseros cobertores que cobriam ainda a nudez dos pais.
- Minha Nossa Sra. da Bonança – ouviu rezar a mãe – fazei-de abrandar a tempestade!...
O pai, acordado e sobressaltado pelo último relâmpago da borrasca, acendeu o velho candeeiro a petróleo, na cabeceira da cama, logo espalhando sombras fantasmagóricas pelo teto fora e exalando um cheiro familiar, anestesiando, de imediato, meia dúzia de pulgas, nos já rasgados lençóis. Foi-se dar uma olhadela pela janela do mirante e torceu o nariz, pois a tempestade estava brava, fustigando as vidraças, aqui e ali já meias alanhadas e tapadas a betume. Duas pingas teimosas tinham já furado o soco de madeira e escorriam soalho fora.
- Vou lá abaixo buscar um alguidar para aparar esta água – rosnou para a mulher.
- Vai, mas anda depressa que eu até tenho medo. Que farão esses desgraçados dos pescadores por esse mar adentro!? Ouve lá, a campanha do tio Tuta não saiu para as rascas?
- Não sei mulher, com este mar de Cristo quem é que se atreve a sair da barra? Vou descer para remediar isto. A propósito, não tens umas rodilhas para enxogar a água?
- Estão ao pé do cântaro, ao lado da máquina de petróleo.
Para não ficar com a casa às escuras, por medo do rapaz, o pai tentou acender o toco de vela de estearina da Sagrada Família, que, com a humidade dos fósforos, teimava em não dar-se à luz, sendo preciso recurso ao isqueiro de pederneira. Desceu as escadas com o candeeiro, em ceroulas de flanela, para o ofício em mãos. Quando chegou ao pé da porta, ficou atónito com o que vira:
- Mulher – berrou – anda cá abaixo depressa que a casa está toda inundada! Traz-me aí as botas de água que isto mais parece um rio!...
A cozinha tinha já uns bons 20 centímetros água acima, pela maré viva do rio, a que se juntara também o lodaçal da chuva. Duas ratazanas assustadas tentavam nadar para porto seguro pois os buracos apodrecidos do rodapé já não inspiravam grande confiança. A velha gata Tirone saltara para a mesa de jantar, e de pelo eriçado, temendo talvez pela sua sétima e última vida, arremessara, borda fora, os garfos tridentes de ferro, acabadinhos de brilhar e esfregados a cinza de véspera, e as colheres de alumínio, do presigo do jantar.
Um cheiro a maresia invadiu o corredor enquanto o penico do quarto boiava de um lado para o outro como que imitando o Titanic em naufrágio. Pelas frinchas da porta da frente, a corrente ameaçava invadir cada vez mais o resto da casa, não foram umas rodilhas e farrapo de cuecas velhas fazerem tampão, minimizando os estragos. A mãe, em camisa de noite, acorrera e perante o cenário, faltou-lhe a respiração e quase desmaiara.
Rua fora, ouviam-se pedidos lancinantes de socorro, enquanto rafeiros assustados pareciam periscópios, tentando emergir à tona da maré. Mais além, porcos, gatos, galinhas e coelhos de criação boiavam à deriva, já mortos.
Para os lados da capela de S. João, os juncos não resistiam à fúria das águas e vergastavam de tal forma as costas ao santo que o coitado bem que lhe apeteceu voltar de novo ao deserto, a comer gafanhotos e mel silvestre!
Entre portas, recitavam-se ladainhas a todos os santos e mais alguns; esgotadas estas, rezavam-se rosários completos à Senhora da Saúde e dos Navegantes, cheios de convicção e fé religiosa. Também o Senhor dos Aflitos não escapou a tanta invocação e poderia estar certo que não lhe haveriam de faltar mais velas na sua capelita, ali para os Bombeiros velhos, por tanta promessa feita nessa noite. Até os Romões invocaram a Bíblia, no Noé da família, para fazer descer as águas!
Qual quê?
Nas 7 casas dos pobres de S. Vicente de Paula, a situação era desoladora:
- Valha-nos o Senhor dos Aflitos, lá boiaram os tabuleiros das linhas da faneca e o espinhel do congro do meu hóme – gritava a Maranhona.
Ao lado, os Quintinos assistiam ao último milagre dos seus Santos Antónios de granito pois estes ainda resistiam ao dilúvio e, mesmo com água pelo pescoço, permaneciam de pé e inquebrantáveis na sua fé. Valera-lhes, talvez, terem pregado aos peixinhos!
Mais aflita, chorava a Mariquinhas:
- Ai, minha mãezinha, quem nos acode que a maré está-me a levar tudo de casa. Lá se foi o meu porquinho!
- Meu rico Sãojoanzinho, valei-nos nesta aflição – implorava a do Airinhos – afogaram-se as minhas ricas galinhinhas!...
Uns vaticinavam até que se estava no fim do mundo. Mais em surdina, alguém invocava as bruxas ainda vivas – as mortas quiseram lá saber! - E afiançava-se até que por ali passara procissão de defuntos!
Vade rectro!
A tempestade não parava.
Horas depois, lá chegaram os Bombeiros que pouco mais puderam fazer que acudir aos vizinhos mais necessitados e arredar o lodo e o lixo das ombreiras das portas. Tentaram, em vão, desobstruir os aquedutos e caleiros entupidos mas a corrente dificultava-lhes a missão. A escuridão era total por falta da lâmpada fundida do único poste que, de tão inclinado, ameaçava também abater-se. Os faróis do carro de socorro varriam, noite fora, outros fantasmas, nos xailes pretos do mulherio da vizinhança que passou toda a santa noite desperta, tal o medo por algum desastre maior.
- Sta. Bárbara (…) R/ Ora pro nobis – prosseguia ainda a ladainha numa das casas, frente aos quadros dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria.
No dia seguinte, foi o contabilizar dos prejuízos, avolumando ainda mais a miséria desta gente.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Concerto para cravo e solista ...


Ora cá está como a malta também tinha momentos de descontração ...

No caso, este magnífico duo tinha sido convidado para dar mais um "concerto" em casa de um dos muitos fazendeiros da região cujas filhas também "tocavam piano e sabiam Francês".

No recital apresentado, o duo executou a peça "Um whisky para dois". Note-se na extrema concentração do cravista enquanto o "cantor" se preparava para "atacar" de novo o seu "instrumento".

Claro está que tivemos uma ovação das pesadas...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Euros e euros...


RAÍZES


4. CALIBRE 48

A guerra do Iraque já fez mais de um milhar de mortos entre os soldados norte-americanos e da coligação, desde que foi derrubado o então poder instituído do governo de Sadan Hussein, e, proclamada a tomada de posse por parte da coligação (…) a guerrilha, continua activa, após a passagem do poder para o novo governo instituído. A paz parece ser cada vez mais difícil de instalar-se, recorrendo agora a guerrilha a outras formas de destabilização, com raptos à mistura e a exigir dos países envolvidos a retirada das suas tropas (…), ouviu-se na SIC.
Atento ao desenrolar das últimas, o amigo Heitor aproveitou para deitar conversa:
- Eh, pá, já viste isto? Está pior que no nosso tempo. Estes cabrões mereciam era que lhes fizessem o mesmo “Olho por olho, dente por dente”.
- Se isto fosse por cá não sei o que seria – adiantou o Rogério.
- Dizem que nem temos submarinos! E quanto a helicópteros eles são tantos que nem apagam os “fogos” do Parlamento, que fará a torreira que vai por esse Portugal fora - interveio Alex.
- É mesmo, Portugal está arder de lés a lés e os políticos não há meio de darem a cara – insistiu Heitor – está tudo de vacanças.
- Alguém toma um cafezinho? - Perguntou a dona da casa.
- Boa ideia – anuiu o marido –, já agora, trás aí uns whiskys para acompanhar.
- Eh, malta, o raio desta guerra faz-me lembrar as nossas de putos, lá na Ribeira.
- Conta aí - espicaçou o Rogério.
(…)
A atmosfera amistosa da visita dos conterrâneos provocou o desfiar de recordações que se prolongariam pela noite dentro. Naquela viagem ao passado, não tão longínquo quanto isso, fez-se a ponte com os dias ora vivenciados e cada vez mais cheios de incertezas. A propósito dos bancos da escola, teceram-se alguns considerandos.
As batalhas vitoriosas dos nossos reis faziam da nossa História o povo mais intrépido de que há memória. Eram decoradas com fé quase maometana e em precisão de datas e nomes, sendo assunto obrigatório nos exames da quarta classe, perante um tribunal de professores que nos passava ou enfiava a raposa se nos desviássemos daquelas verdades absolutas como paradigmas a imitar. Ainda que tinham alguma complacência com os problemas da Matemática, agora com a nossa História não brincavam em serviço!
Tais feitos mirabolantes, contados pelos cronistas da época e inflacionados pelos copistas de el-rei, tornaram-se como fixações doentias, narrando, pelas quatro dinastias dentro, batalhas hercúleas tão arrojadas como Aljubarrotas e Atoleiros que ainda hoje permanecem como vestígios e recordações onde um qualquer arqueólogo pode verificar, através da sedimentação dos despojos, a que correspondeu tão avançada táctica militar!
A cartilha narrava apenas dois ou três desastres nacionais, entre os quais, Alfarrobeira – talvez pelos nossos guerreiros andarem de disenteria por tanta alfarroba enfardada! – E afiançava mesmo que o desastre de Alcácer-Quibir fora mais devido ao nevoeiro da ocasião que à valentia da mourisca, que logrou dar cabo da estratégia da quadratura do quadrado, na formação dos lanceiros d’O Desejado, quando as cavalgaduras inimigas lhes terão caído em cima. Valeu a D. Sebastião se ter “evaporado” a tempo e, reza a crónica, que a sua alma veio pairar até Esposende, em estátua petrificada, erguida pelos seus devotos crentes, e quase elevado à honra dos altares, tal a sua semelhança com o seu homónimo, mártir romano, ali na matriz:
- Ai, meu rico S. Sebastiãozinho – rezava a tia Micas, virada para as nuvens de bronze que aureolam o jovem rei – fazei-de-me que o meu rico Tóne volte a salvo do mar de Cristo – enquanto desfiava um rosário de Ave Marias, Padre Nossos e Améns…
Era a cobrança de uma dívida mais que merecida pois El-rei, em 1572, dera-lhe Carta de Provisão, libertando o lugarejo de 370 moradores da tutela de Barcelos.
Tais façanhas viriam a ser recreadas pela canalha da vila, virando lutas e jogos de rua onde o inimigo-amourado era rebaptizado: os do Norte, os do Sul, do Jardim, do Grémio, os da Lagoa, os da Central, cada um destes reclamando para si o estatuto de exército português.
- Eh, malta, lembrais-vos das nossas espadas, feitas de paus, a imitar os lanceiros gregos? – Recordou o Rogério, que era do Norte.
- Isso não era nada. A nossa “artilharia pesada”, armada de calhaus e godos do rio, à primeira investida, decepava logo as vossas couraças! – Gozou de novo o Rogério.
- E a nossa “infantaria ligeira”, de lanças aguçadas de vassoura velha, nas “motas” com rodas de madeira, feitas pelos presos da cadeia, a cinco tostões!?
- Olha aí! – entrou na conversa Alex – eu cheguei a ir armado de Robin Wood, arco e flechas, restos de varetas de guarda-chuvas. Para azar meu, despachei até para o hospital o “Trinca espinhas”, e o desgraçado teve de levar injecção contra o tétano, que eu cismava e afiançava que era contra o teto! …
- E aquele estratega militar, lá do sul, que devia imitar tudo dos filmes dos romanos!? Levava a coisa tão a peito que nas primeiras linhas da refrega os seus guerreiros vinham todos armados de couraças circulares feitas das tampas de bidões … - ria-se o Miguel.
- Aquilo é que eram guerras! – Concordou o Zé. Numa destas fizemos alguns prisioneiros mas a brincadeira ficou-nos cara pois os familiares deram-nos cá uma sova do caraças!
(…)
- Ouvi aqui – interrompeu o Gigas, lendo a Bola do dia – aqueles espanhóis dum canastro deram outra vez “baile” ao Porto, no hóquei. Não há meio de quebrar o enguiço.
- A propósito – adiantou o Heitor – e os nossos sticks de tronco de couves que faziam mais “galos” nas canetas do adversário que golos nas balizas...
- … e estas eram a calhaus e encurtadas, à surrapa, sempre que a bola se aproximava …
- E quando a malta ia jogar futebol contra vós? – Gozou de novo o Miguel.
- Espera lá, um dos nossos craques foi até jogar para o Esposende S.C. , mas logo no primeiro treino acabou por jogar descalço pois a patanha, calibre 48, era tão pequena e calejada que não houve chuteira que lhe servisse!... No treino seguinte, foi preciso sapateiro-ferrador para lhe tirar as medidas!
- O melhor era a porrada pelo golo, sempre avaliado a golpe de vista. Era boxe do melhor. Às vezes, lá aparecia a GNR para amenizar a contenda. Muitos olhos viraram à “Belenenses” quando os seus olheiros até eram adeptos do Benfica e Sporting!...
(…)
- Eh, malta, já é tarde e acho que me vou – bocejava já o Heitor, depois de bem regado do whisky – combinamos aquilo amanhã, O.K?
- Nós também vamos – despediram-se os restantes comparsas – Ciao.
- O. K. Obrigado pela visita e aparecei mais vezes pois recordar é viver.


terça-feira, 22 de julho de 2008

Um quadro digno de Rafael...


Por certo que o grande pintor renascentista não pintaria um quadro com mais realismo e significado.

Os seus personagens nem precisam de qualquer comentário tal a amplitude e missão de cada um destes no contexto da cena - a assistência sanitária na área da enfermagem às populações autóctones.

Desde a vigilâcia do chefe de grupo, ao profissionalismo do enfermeiro Subtil, passando pelo espreguiçar de braços do "Preto", a eficácia do Varela na organização da lista de espera, até à malandrice de olhares do outro soldado que parece "inteirar-se mais de de perto" do sítio das "dores" da doente, tudo isto se enquadra às mil maravilhas na enfermaria-cubata da ocasião.

Cenas como esta até pareceriam desenquadradas num cenário de guerra mas, efectivamente, eram também uma realidade nesse nosso território de além mar.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Catraia do Cávado


RAÍZES


3. A prova de(o) esforço

Alex passeava na cidade tentando descontrair um pouco. De soslaio, ia comparando uns saldos de ocasião nas montras que faziam concorrência quase desleal umas às outras. Lá dentro, os 50% de redução propalados só se estendiam a meia dúzia de monos que nem a Unicef os aceitaria, dados que fossem. Saiu desiludido e retomou o passeio, à procura de alguma pechincha que valesse a pena. Naquela outra multinacional de roupas foi quase que abalroado, pois a multidão, como gafanhotos, engalfinhava-se na disputa do que ainda sobrava. Já ao sair, uma avozinha persignava-se perante a nudez com que alguém despiu uma Eva-manequim!
Ia-se até ao café mais próximo para entabular conversa com algum conhecido de momento quando alguém lhe tocou no ombro, por detrás.
- Desculpa lá, tu não és o Alex?
- Sou sim, ti Man’el, então que o traz por estas minhas bandas?
- Olha, meu menino, ando pr’á ‘qui meio perdido, quase há meia hora, pois não dou com o consultório onde se tiram uns exames e uma prova de força ao coração que o meu médico da Caixa me marcou para esta clínica. Sabes aonde fica o raio desta rua?
Alex esboçou um sorriso e retorquiu:
- Não será uma Prova de esforço, ti Manel?
- Eu sei-te lá dessas coisas. Vais ver que é isso!
- Não se preocupe, eu vou lá com o senhor, como assim os amigos são para as ocasiões. Venha daí.
- Obrigado. Isto d’uma pessoa ir nos oitenta e tais, já num atina lá muito bem. Sabes como é!
- Vai ver que vai correr tudo bem.
Alex recordou aquele lobo-do-mar dos tempos da sua infância. Não havia pincel de Miguel Ângelo ou Rafael que o retratasse tão bem tanto quanto ele o conhecia, pela bravura no mar e pela forma honesta e honrada como sustentou a família numerosa, em tempos de tamanha miséria, e que obrigou à emigração de tantos outros braços, lá da terra, para Brasis, Franças e Alemanhas.
Já na espera do consultório.
- Então tem a “máquina” avariada? – sorriu-lhe Alex.
- A força já não é a que era, filho, mas parece q’inda tenho de correr nuns tapetes, ou lá o que é!? Se fosse no meu tempo, quando era mais novo, eu é que os fazia correr a todos. Já num sou da tua geração. Sempre vivi na nossa terra e o mar foi a minha escola. Quase num sei ler nem escrever mas tam’ém p’ra que é que isso me servia, lá no mar de Cristo?
- Tem certa razão. Mas os tempos também eram outros e a fome obrigava a sair mais cedo da escola …
- Sabes, eu conheci-te de pequenino. Eras cá um traquina, tinhas um ar de franzino mas eras bom menino. Parece que te estou a ver a bater nuns godos e com o resto da canalha toda, atrás de ti, a cantarolar o S. João, nuns testos velhos. Já naquela altura tinhas esse jeito pr’ós cantorios e p´rós órg’os. O meu é que parece cansado!
- Acha que sim? Como adivinhou a cigana, as linhas das minhas mãos tinham umas curvas esquisitas – retorquiu Alex – Cada qual já vem talhado para a vida que há-de levar!?
- Não acredites nisso. Cada um deita-se na cama que faz!
- Talvez tenha razão.
Pois eu nunca mais me esqueci do senhor. Parece que o estou a ver, a chegar ao cais naquela catraia vermelha, todas as manhãs. Quantas vezes me deu uma e outra faneca que eu fazia intenção de frisar bem à minha mãe que tinha sido da parte do ti Manel e que aquela era para fritar, só para mim.
- Sabes que eu tinha bom coração. Não era como alguns pescadores e mestres que eram uns somíticos. Queriam o céu e a terra. Lembravam-se lá dos pobres!
- Oh ti Manel, aquilo dantes devia ser mesmo miséria, não?
- Passaste-a lá tu, menino. Se soubesses o que foi fome. O que valia era o mar, quando ele nos deixava lá entrar!...
- Conte.
- Olha, eu, os falecidos João do Pão, o ti Emílio, o Alfredo da Mouca, o João do Frente, o Rogério, o Li e o filho, o João Careca – qu’inda está vivo – o David, o “Lunetas”, o falecido Zé da Lucas – que Deus o tenha em eterno descanso que era também muito bom home – e tantos outros, esses é que sabem o que foi passar larica!
Quando íamos largar, conforme o tempo deixava, naquelas catraiazinhas de quatro remos, ou numa ou outra maior que levava sete homes mais o mestre, nós é que sabemos o que amargurámos naquele mar de Deus. Bem razão tinha o Zé da Lucas, ao chamar ingnorantes a esses ministros dum raio! Como é que a terra ‘inda há-de ter pescadores c’o a barra naquele estado, vão sustentar-se do ar e vento?
- E depois como é que era? – Indagou Alex mais curioso ainda.
- Olha, as redes ficavam lá mais duas ou três noites e, geralmente à terceira noite, nós íamos alá-las. E tornava-se a largá-las se o mar estivesse calmo. Se estivesse maresia, trazíamo-las p´ra terra. Depois o peixe era rematado lá no cais. Naquele tempo ‘inda as raias ero a dez mil reis!
- Mas como é que a campanha se reunia para ir para o mar?
- Tínhamos o moço dos seus catorze anos, acompanhado do pai ou da mãe, ele é que nos vinha acordar a casa e à restante da campanha. Os moços recebio meio quinhão até chegarem a homes, já pelos seus vinte anos. O mestre, de véspera, avisava que “amanhã vamos às rascas”. Atão, a campanha trazia a vela, a ustaga – um tipo de roldana –, o balde das chamas, – uns paus piquenos que se metiam nuns buracos para fixar os remos ao barco –, o cabo grande ou poitada, – para se dar fundo e parar a catraia no mar –, a cesta do mestre com agulha, – a bússola –, o lampião com vela pr’a se ver de noite. Roupa do corpo – quem a podia ter! – Era de japona, avental de lona que era curada com óleo de bacalhau, o suerte, – boina oleada – a …
Entretanto, a assistente do consultório chamou.
- Sr. Manuel da Silva … de Esposende. Entre para aqui para este gabinetezinho e espere um pouco.
(…)
Passada quase meia hora.
- Então, custou muito? – perguntou Alex.
- Cala-te, menino, eu até fiquei invergunhado quando a moça me quis rapar os pelos do peito e me pôs cá uns fios inléctricos na barriga que eu até punsei mal, pr’a que raio era aquilo!? Depois amandou-me para um tapete que começava a rolar mais depressa que as pernas e quase que me deu o bafo, parece que estava a subir o S. Lourenço e os raios de todas as caretas dos demónios do órgo da matriz a puxarem-me p’ra trás!... fôda-se que caiso desmaei no consurtoro …
- Não se aflija. Isso é igual p’ra todos nesse exame da Prova de esforço. Vai ver que ainda vai poder correr a maratona!
- Sabes do que m’alembrei?
- Diga.
- Quando íamos aos figos ao Sebastião: fugíamos que nem ratos que o hóme era tolo quando nos apontava a caçadeira de chumbos!...
(…)
A caminho da camionete.
- Olha que até foi rápido, só não sei ao que vinha, mas já passou. Agora tenho que pegar a caminheta do Linhares, ali na estação, mas já nem sei p’ra que lado é!?
- É já ali. Eu vou consigo.
- Mas como te estava a contar… aquilo, para vir p’ra terra, num era fácil. Se o vento fosse leste ou sueste não convinha muito porque empurrava a catraia p’rá sepurtura do mar. Em cada costura da vela tinha umas rises que, quando o vento era demais, a vela enrodilhava-se toda e era um “Ai Jasus”. Lá tinha que ser à força dos remos – alguns de nós tínhamos sempre as manápulas cheias de bolhas! – três de cada lado e o mestre, à ré, como hóme de leme.
- Ainda se lembra dessa malta do seu tempo?
- Atão num lembro, e que homes esses! O finado Laguna velho, o ti Américo, o Manel Libra, o Manel da Fanada, o Tóne Tuta, o Trocato, o João do Pinto, o Manel Libano, o Feliz, o Miguel, o Chapuz, o Marcelino Cavalas, o Abilo Calica …
- E lá no cais?
- Aquilo, quando o S. Pedro ajudava, era peixe de toda a espécie. Nas rascas vinham: raias, redobalhos, lagostas, lavagantes, caranguejos, peixe-sapo … Ao anzol, ero os congros e o espinhel. Nas linhas da faneca, de anzol pequeno, era uma farturinha. Depois havia as redes da lagosta, ou rascas de pedra, largadas em cima das pedras, no fundo do mar. Os cofros para o polvo, navalheiras, peixe-rosa, camarão, peixe-espada – que era pescado à mão com anzol e isco de marisco ou sardinha, ao pôr ou ao nascer do sol. As gigas de sardinha eram vendidas por lotes e cada uma deveria ter à volta de umas duzentas sardinhas! Mas a sardinha era só de uma safra. Mais tarde, aparecero os tresmalhos de três redes e as redinhas pr´á faneca, badejo, pintas, robalos … agora é tudo mais fácil com os motores. Mas tamém te digo, como isto está, nem vale a pena ir ao mar, pr’a lá ficar!
- E as catraias não vertiam água nem inundavam com tanto peixe?
- Sabes lá tu! Quando o mar era alto, aquilo até podia dar para o torto e era preciso ter um hóme só pr’o bertedoiro, para escoar a água das cavernas. Era uma iscuridão tremenda, só alumiada pelo lampião de vela, suspenso num remo ou na vara grande, junto ou dependurado no mastro que servia tamém prá nossa localização. Tinha mar de trinta a carenta jardas de profundidade!
As redes eram assinaladas com uma bóia marcada e bandeira próprias da embarcação do mestre mas, às vezes, aquilo também era uma ladroaje do raio, mas a gente acabava sempre por saber quem foro os gatunos … cando num ero as traineiras e um ou outro arrastão que nos davam cabo delas.
Cando a campanha chigava à terra, depois da lota, partia-se o dinheiro, em casa do mestre, sentados no xão, com feijões, pois poucos sabio ler. Se o dinheiro era em notas daquelas grandes – atão as de cem mil réis parecio quase um lençol! - Ia-se ao ti António do sul, ao Loureiro, à Pastilha, à Siloca, p’ra se trocar. Vida de cão, aquela!
(…)
Chegados à estação de camionagem.
- Pronto, ti Manel. Já cá está. A que horas parte a camionete?
- É às seis, mas como é a do desdobramento e com todas aquelas voltinhas por Barcelos e c’o a gente da feira a entrar e sair, só lá pr’as sete e meia é que devo chegar a casa! Vou ver se a Maria me deixou o presigo ou o resto da caldeirada …
- O quê? A carroça anda só a 30 à hora? Mais valia ter alugado a do Man’el Louceiro, ao menos a “gasolina” era à borla e os “fumos do escape” ainda serviam para adubo!
- Bem podes rir. Na era dos foguetões e dos TGVezes aquilo mais valia ir pró museu …
- Um abraço e até à próxima. Não se preocupe que a “máquina” ainda vai durar uns anitos!
- Deus te oiça, filho, Deus te oiça. Obrigadinho pela ajuda.
- Vá com Deus e faça boa viagem.