terça-feira, 26 de maio de 2009

"Oh happy day": 200º Take


Olá, "terceira idade", como vai esse reumático?

Pois, "a montanha pariu um rato", e se é que pensam que estive a preparar algo bombástico para este special day, esqueçam.

Da parte que me(nos) toca, 26/05/09 é, efectivamente, um dia muito especial, pois de hoje a uns nove meses ainda me obrigam a ser avô à força... Para já, foi dado oficialmente o primeiro passo. Logo mais se verá! ( estou a lembrar-me da piada da outra que afirmava, convictamente, que já estava grávida de um dia!)

Mas e voltando às comemorações oficiais do 200º take, tem sido um prazer "cortar na casaca" do pessoal do reumático sabendo, de antemão, que a "Parkinson" de que sofre não pode vir atrás de mim para me (a)mandar o "cacete" nos costados, como o tal do "piquini de carapinha loira" na "dita cuja" da bailunda - e, como o tal, já é um alívio!

Quanto ao Jornal da Ônzima (J.O.) hoje é o seu nº zero.

Só para chatear, hoje vai ser relembrado o episódio do "Também eu estive lá..." naquele célebre capítulo "O terror da sanzala", a pág. 97, dedicado especialmente ao pessoal das "Caldas" da Raínha e arredores...


O “terror” da sanzala

Ele há coisas do diabo da breca que só contadas. Estava eu de serviço ao aquartelamento do Songo quando sou chamado à porta de armas pelo cabo de serviço, pois o sentinela dizia que estavam à entrada do quartel umas bailundas da sanzala próxima que queriam falar com o capitão. Aproximei-me das ditas cujas e tentei saber do que se tratava:
- Então, o que é que há? – inquiro.
- Meu alfére, queria falar co sinhô capitã ... - olhares vidrados.
- Mas então porquê ? - insisto a tentar inteirar-me.
- Só falámu co sinhô capitã - renitentes na explicação.
- Bom ... sendo assim, nada feito. Ou me dizem o que se passa ou ficamos por aqui pois o sr. capitão saíu. - faço intenção de desligar a conversa face à teimosia e dou meia volta. Perante a minha atitude, insiste uma delas:
- Meu alfére, é por causa do “bicho” do soldado!
- O quê? Que bicho?- interrogo-as demoradamente mas não obtenho qualquer resposta, senão apenas uns meios sorrisos quase envergonhados!
- Bem, eu vou ver se o sr. capitão já chegou - perante a falta de deslinde e com a conversa a levar a nenhures, tento passar o caso para o capitão que na altura estava na messe com uns amigos; digo-lhe do que se passa e este dá autorização para se dirigirem ao seu gabinete.
- Então, o que é que se passa?- inquire ele.
- Sô capitã, vimos qui pois o “bicho” do soldado faz muito mal na sanzala e nós ‘stámu co mêdo!... – olhares receosos.
- Mas que raio se passa com o cão do nosso soldado? - interroga o capitão.
- Nô é cão, sinhô, é o “bicho” do soldado qu’é grande e dói pessoa mesmo! - olhares agora de pescada morta começam a irritar o chefe. Um cruzar de olhos entre o capitão e a minha pessoa leva-nos a conclusões talvez precipitadamente precipitadas mas a entender que ali há marosca.
- Pôrra, expliquem-se, que também não percebo nada - atira o capitão. Passados uns minutos e cabisbaixas começam a deslizar as mãos para as suas partes pudendas por sobre umas saias demasiado atrevidas e logo remata a mais afoita:
- Sinhô, o soldado vai na sanzala e quando entra na cubata mete o “bicho” deste tamanho - gestos a medir o comprimento do “dito cujo das Caldas” para padrões fora do normal que provocam da nossa parte uns sorrisos malandros ao inusitado de tal medida - que dói mesmo... (com acenos afirmativos das outras duas, meio envergonhadas por terem também de participar naquele diálogo algo desagradável) E depois obriga nós a fazê o serviço co ameaça de navalha se gente não quére - uma lágrima a escorrer rosto abaixo.
- Pronto, já percebi - tenta acalmá-las o capitão e mal disfarçando a risota adivinhada - Sabeis quem é o soldado que faz isso?
- Si, sinhô capitã. É um piquini de carapinha loira - gestos a medir a pouca altura daquele, o que quase nos leva à sua identificação.
- Pronto, o sr. alferes vai tratar do assunto e depois mando chamar-vos para confirmardes o soldado. Podeis ir.
- Obrigá, sinhô capitã.
Senti-me, naquela ocasião, como o Sherloc Holmes no meio do mais susceptível dos seus casos, dada a delicadeza do assunto. Durante uns dias tive de fazer investigação por conta e risco e tentar entrar no particular das pessoas, perguntando aos mais sabidos no assunto de quem poderia tratar-se. Entre indicações de uns e meias risotas de outros que tinham já presenciado o terror que o pequeninho e o seu “martelo pneumático” vinham provocando na sanzala, que acabava até por assustar a “caça” aos demais, a coisa ficou-me deveras facilitada. Passados uns tempos tivemos de confrontar o “nosso herói” com as queixosas e fazê-lo prometer que estas coisas não funcionavam assim e muito menos daqueles modos que até utilizavam a navalha como persuasão. O capitão, meio sério, ameaçou-o de prisão e assustou-o de tal forma que lhe faria “encurtar a ferramenta” se continuasse com tais investidas. Envergonhado, o nosso homem saiu do gabinete, rabo entre as pernas, por entre a chacota da caserna.
Remédio santo.

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