terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Coisas da minha guerra 5 - (Readt.)

Coisas da minha guerra (5) *

Mafra - 06 de Julho/70
Despachado a guia de marcha (...) para o COM do quartel em Mafra e por chegar fora de horas e à civil, quase que tive de pernoitar na vila pois só a ignorância da rigidez das normas militares me livrou de tal transtorno. Como o meu nome de sangue real constava da lista dos maçaricos, o sentinela lá permitiu que me fosse apresentar ao oficial de dia.
A minha primeira investida no quartel foi quase a de entrar num labirinto com os corredores cognominados de La fayette e outros nomes e que davam cada qual para sítios e casernas determinadas.
... Cansado como vinha, quase me dependurei no cabide do armário mais próximo com roupa e tudo, acabando por atirar o esqueleto para a enxerga do beliche mais à mão naquele serviço de quartos.
Devo ter sonhado a noite inteira e só acordado de sopetão por um cabo miliciano que berrou em voz bombardina para irmos levantar os "fatos-macacos" com que daí para a frente passaríamos a usar e ... abusar: exercícios táticos, paradas, lagoas enlameadas, crosses e outras subtilezas olímpicas como o galho, o pórtico, and so on.
De parceria com a malta, o novo "hotel" era ainda partilhado por tanta ratazana que envergonharia qualquer raticida e co-habitado por outros "comandos e OP's", entre pulgas e percevejos, e que fazia a delícia da nossa guerra, entre comichões e borbulhões a exigir quase pesticida, entre as suas quase 4500 portas e janelas do convento.
E foi assim a nossa rentrée.
 
(*) "Também eu estive lá..."

Sem comentários: