segunda-feira, 15 de julho de 2013

Madeira - BII 19 Quartel de instrução à recruta - 1970


Lino Rei Rei

 " ... o pelotão, em semicírculo, aprendia a montar e a desmontar a G3, ajudado pelos então cabos milicianos. A páginas tantas:
- Meu asp'rante, dá licença de pôr em cima dos pés ? - Solicitava o recruta.
Intrigado, o aspirante, e julgando tentando tratar-se de uma qualquer brincadeira, fez ouvidos de mercador.
Insiste o instruendo:
... - Meu asp'rante, dá licença de pôr em cima dos pés ? - Repetia o homem.
Olhando-o de soslaio, o oficial lançou-lhe umas gáspias surdas de reprovação, pois não estava já a gostar da gozação.
E pela terceira vez ainda:
Meu asp'rante, dá licença ... de pôr em cima dos pés ? Quase choramingava o aspirante a soldado.
Risota geral, meio abafada, de muitos dos instruendos.
Vociferou-lhe então o aspirante-miliciano e chefe daquele grupo:
- Ó nosso, você é parvo, ou quê ? Se é estúpido vá depressa apresentar o certificado na Psiquiatria e arrede pés deste grupo. Seu pedaço de urso, como é que quer engalhar-se em cima dos pés, se estando já a pé ainda quer pôr-se em cima dos pés ?
O nosso homem e já nem querendo ouvir o final da reprimenda, desatou a correr ... para as latrinas !...
Quando chegou, dez minutos após, e ainda meio lacrimejante, ajoelhou-se junto ao chefe de grupo e com a voz entrecortada:
- Obrigado, Meu asp'rante. Agora, Já estou todo aliviadinho...
Risota geral a que o aspirante também alinharia.

P.S. Na Madeira havia certas expressões populares carregados de sentidos ambíguos e que só com o tempo se aprenderia o seu real significado.
Obs. Contexto adaptado In "Também eu estive lá..." livro sobre a C.C. 3411 de Lino Rei (ex-alferes).

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